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O Interno Feminino

Divagações e reflexões do mundo no feminino. Não recomendado a menores de idade ou a pessoas susceptíveis.

Os maridos exemplares (ou nem por isso)

Avatar do autor tsetse, 03.06.11

Noutro dia, uma amiga minha confessava-me, com grande desgosto, que tinha visto o marido da prima a dar um beijo a outra mulher. Para ela, o casamento da prima representava a relação ideal. O marido tinha uma tal adoração pela prima, que fazia tudo para que ela se sentisse melhor. Fazia quase todas as tarefas domésticas; fazia massagens à mulher todas as noites, para ela dormir melhor; olhava para ela sempre com o olhar mais apaixonado do mundo; etc. Um verdadeiro marido exemplar.

Poucas semanas depois, estava com outra amiga, quando chegou uma velha amiga dela, a Raquel. A Raquel começou a contar as novidades e, no meio de várias histórias, veio a história da sua melhor amiga, a Maria. A Maria, segundo ela, era a mulher mais sortuda do mundo. Como na história anterior, tinha o marido ideal. Ele fazia frequentemente viagens de 600 Km para ir levar e buscar a mulher a casa dos pais, para ela não ter que andar de comboio sozinha; estava sempre atento a todas as necessidade dela e não podia ser mais querido. Tudo muito bonito, se eu não conhecesse o marido da Maria e não soubesse que ele anda envolvido com outra mulher.

A questão é: o que leva estes maridos exemplares a trair as mulheres que parecem adorar?

A minha primeira teoria é a de que eles se cansam de viver em estado de adoração constante e começam a ter necessidade de ter também alguma atenção. 

A segunda teoria é a de que todas as relações têm uma data de validade. Mesmo as mais perfeitas. Por questões instintivas e animalescas, os homens precisam de novidades e, os que são fracos, não se controlam perante a beleza alheia.

Mais teorias são sempre bem vindas.


Nota: Os nomes e alguns pormenores foram alterados, para não revelar a identidade dos envolvidos

A teoria da bruxa

Avatar do autor tsetse, 08.01.11

É muito comum ouvir histórias de mulheres que enfeitiçaram homens e os fizeram fazer coisas que eles nunca teriam feito, se a dita bruxa não tivesse aparecido.

 

As histórias são muitas. As mais comuns envolvem mulheres traídas que não atribuem culpas ao tonto do ex, que não se soube controlar, perante tanta beleza que há no mundo, ou a elas próprias, que nunca tiveram energia ou paciência para melhorar a relação.

 

Não, a razão tem que ser de algo mais transcendental. E o mais fácil é colocar as culpas numa bruxa, que por acaso nem as conhecia, que apareceu das brumas e enfeitiçou o coitado. Já quando o caso é ao contrário, é diferente. A culpa raramente é do outro, é da bruxa da ex, que enfeitiçou o outro e o fez cometer adultério. Dois pesos e duas medidas que me começam a irritar.

 

Se, por exemplo, o caso é de duas pessoas comprometidas do mesmo grupo de amigos que se apaixonaram e que acaba descoberto, quem é expulso do grupo? Dos casos que eu conheço, sempre a mulher. Porque a bruxa é a culpada, claro.

 

Se duas pessoas trocam um olhar menos correcto, de quem é a culpa? Dos dois, diria eu. Da mulher, diria a maior parte da pessoas que eu conheço. Ficaria rica se ganhasse 50 euros por cada vez que ouvi um homem a fazer-se de vítima em situações que era óbvio serem recíprocas.

 

Os homens podem escorregar, pecar e arrepender-se no fim. As mulheres, quando fazem o mesmo, são afastadas.

 

O que me faz mais confusão em todas estas histórias é como os bananas dos homens destas histórias permitem que isto aconteça, só para fugirem às responsabilidades, e não dão um passo à frente para admitir a sua parte. Na maior parte dos casos, preferem acreditar na culpa da mulher, para não terem que avaliar o seu próprio comportamento ou, pior, terem que ficar com peso na consciência.

 

Mas, lá está, é mais fácil deixar uma mulher a arder, principalmente quando todos estão habituados a fazê-lo, do que ter que admitir que não somos perfeitos.

 

Serão resquícios da inquisição?

Eu, cabra, me confesso!

Avatar do autor TNT, 15.03.09

Almoço com um amigo que já não via há mais de vinte anos. Ele, virtuoso dos seus votos matrimoniais, eu, solteira convicta. Ao pormos a escrita em dia com comentários mais ou menos bem-dispostos sobre o estado civil dos demais, a bomba é apresentada por esta vossa menina ao pôr na mesa o assunto que mais casais separa, traduzido pelo mijar fora do penico, o pular a cerca, o apanhar ar por outras paragens. Digo-lhe que as mulheres, quando o fazem, fazem-no consciente e convictamente, planeiam a coisa ao pormenor e sabem exactamente com quem, como, quando e porquê. Quando as mulheres dizem “ah e tal, perdoa-me, aconteceu...” é treta! O que acontece às mulheres é irem na rua, tropeçarem e caírem. Isto são coisas que acontecem. Trocarem fluidos ou algo mais, quando são comprometidas, não acontece. É planeado. Ao pormenor.

Para quem está no mercado, isto não é novidade. Para os mais arredados destas andanças poderá até ser.

Então, mas afinal, as mulheres são umas cabras!? – questiona-se o macho. Bom, serão ou não, já lá dizia o outro. Se ser-se cabra é sinal de se ser organizada, eu, cabra, me confesso!

Lá porque os homens são atabalhoados e deixam tudo ao deus-dará, metem os pés pelas mãos, não se aguentam à bomboca e publicitam aos sete ventos as suas conquistas, é lá com eles!

Da mesma maneira que as mulheres organizam a sua agenda de forma a conciliar todas as vidas que a vida feminina comporta - carreira, casamento, filhos, amigos, idas ao cabeleireiro, pedicure, manicure, depilação, compras de supermercado, outras compras, vida doméstica, organização das agendas da canalha com as agendas das mães das outras canalhas – também o fazem na mui valiosa arte de enchifrar.

Há que dar mérito a quem o tem. E as mulheres têm-no!
 

TNT

Traição... a quanto obrigas!

Avatar do autor TNT, 06.01.09

Fui ver o Mulheres!, um filme onde só entram mulheres, à excepção de um bebé do sexo masculino mesmo no fim. É feito maioritariamente por mulheres, interpretado apenas por mulheres e tenho a certeza que todas as que estavam a assistir se identificaram com uma ou outra situação, se não com todas.

O tema central do filme é uma situação que aparentemente acontece na vida de toda a gente, principalmente na das mulheres: a traição.

E, pelos vistos, a traição é transversal. Não olha a idades, a níveis sociais ou culturais. Deve ser dos factores mais democráticos da vida e acontece a todos. Porém, existem diversas formas de lidar com ela, o que também é altamente anárquico. Não existem regras nem guias, não existem fórmulas correctas.

Há quem prefira enfiar a cabeça na areia, esperar que passe, e fingir que nunca aconteceu. Há quem faça uma escandaleira e ache que o mundo acabou logo ali. Há quem recuse liminarmente que isso acontece, mesmo quando exposto/a a todas as provas e evidências. Há quem, numa de vingança, se enrole com alguém, só para sentir as contas saldadas. Há de tudo. Mas o que é comum a todas as situações é o sofrimento que isso causa e a inevitável transformação para o resto da vida. Uma vez que se trai ou se é traído, a vida muda. Funciona ali um bocado como a puberdade, a entrada na faculdade, o nascimento de um rebento. Nunca mais nada é igual.

Há que aprender a lidar com este factor que, mais tarde ou mais cedo, nos bate à porta. Penso que o segredo para ultrapassar a coisa deve residir em não nos esquecermos de quem somos e não vivermos em função da outra pessoa. Amarmo-nos mais a nós do que ao outro. Porque, seja qual for a nossa postura e reacção ao choque, temos de nos pôr sempre em primeiro lugar.

Para quem começou cedo a trair ou a ser traído, dificilmente haverá remédio ou panaceia que valha. Para quem achar que ainda não se estreou nestas lides, prepare-se. Não é fácil. E não é por vermos os outros passarem pela experiência que aprendemos a lidar melhor com as coisas. Cada pessoa sofre à sua maneira e a nossa própria dor é sempre diferente e, quase sempre, maior.
 

TNT

Os Meandros da Traição

Avatar do autor TNT, 17.10.07

Trair...
do Lat. tradere, entregar
    v. tr.,
atraiçoar;
enganar por traição;
falsear;
ser infiel a;
denunciar;
revelar;
não cumprir;
    v. refl.,
descobrir involuntariamente o que se pretendia ocultar;
delatar;
comprometer-se.

Todas estas definições e tantas outras que se encontram em manuais enciclopédicos não são suficientes para mostrar como é o sabor da traição. Nem para o traidor, nem para o traído. Curiosamente, é amargo em ambos os casos. O acto de trair nunca é doce, por mais que o traído mereça.

A traição nas relações amorosas heterossexuais – que são as que conheço de gingeira – tem, para além dos óbvios pontos de vista diferentes na perspectiva do traidor e do traído, dois outros, que na minha opinião são completamente distintos: o feminino e o masculino.

As mulheres, quando o fazem, é mesmo a sério. Traem com convicção. Sabem muito bem o que estão a fazer e têm plena consciência da sua traição. Numa mulher, estas coisas não acontecem. São planeadas ao detalhe. Desenganem-se aqueles que já ouviram a história do “aconteceu”. Às mulheres, acontece irem na rua, tropeçarem e caírem. Não acontece trocarem fluidos com terceiros.

As mulheres, quando traem é porque lhes falta algo na relação. Atenção, na maioria dos casos. E é essencialmente isso que vão buscar noutros lados. Atenção, apenas. O sexo vem por acréscimo. Começam por ser seduzidas – normalmente por um colega de trabalho – sentem-se estimadas e agradadas e acabam por prevaricar, por só verem aquilo como solução para os seus dias entediantes. Entregam a alma provavelmente a quem não merece.

Não pretendo com isto, minimizar a intencionalidade convicta de quem se meteu noutros lençóis! Pretendo apenas explicar as diferenças nos comportamentos de cada género.

Já os homens... são capazes de o fazer só porque sim! Porque beberam uns copos; porque precisam de se afirmar; porque a testosterona atacou em massa; porque a rapariga lhes encheu o ego; para mostrar aos amigos; para não ficarem para trás; porque sim e porque...

Eles raramente planeiam e a coisa com eles, na maioria dos casos, simplesmente acontece. O flirt é quase inexistente e passam logo ao passo da cama sem criação de intimidade. Não entregam a alma porque nem sabem muito bem o que é isso. E no fundo, o que interessa é um gajo ser homem, comer todas as gajas que puder comer ao longo da vida, e deixar-se dessas “paneleirices” do amor e da alma e da atenção e mais não sei o quê.

Posto isto, a conclusão que tiro é que, embora os homens se embrulhem com outras com mais frequência, as mulheres traem mais vezes!

TNT