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O Interno Feminino

Divagações e reflexões do mundo no feminino. Não recomendado a menores de idade ou a pessoas susceptíveis.

A crise económica e a crise de meia-idade

Avatar do autor TNT, 14.12.12

 

Isto está tudo ligado – já lá dizia o outro – é o sistema!

Há uns tempos – os das vacas gordas – os homens, do alto das suas crises de meia-idade, adquiriam um descapotável, uma loira escultural na casa dos vinte e começavam a fumar charuto. Não que tivessem mãozinhas para o bólide, nem para a loira, mas enfim. Isto tudo porque, como se sabe, só há sangue para uma cabeça de cada vez e com o passar dos anos, a contagem dos glóbulos vermelhos vai sendo mais escassa. “Ok, não o consigo levantar, mas pelo menos tenho um coupé vermelho e uma loira com metade da minha idade”. A parte do charuto é que era sempre mais complicada, porque exige algum savoir faire que não assiste a todos os patos bravos.

Ora com a crise económica, já não há orçamento para carros desportivos e muito menos para loiras de alta cilindrada. Mas um gajo tem de continuar a mostrar a todo o mundo a sua disfunção eréctil. E eis que surgem os aparelhos dentários. A ortodontia passou a ser a melhor amiga dos homens de meia-idade em tempos de crise.

Quantos de nós não encontrámos nos últimos tempos homens com idade para terem juízo com um sorriso metálico? Ele é nos bancos, nos elevadores das empresas, na garrafeira do El Corte Inglés ou a deixar os putos à porta dos colégios. De fato, gravata e aparelho nos dentes.

Oh meus senhores, poupem dinheiro e dores. Porque essa preocupação oral só atrapalha.

Um homem crescido com brackets tem a mesma credibilidade de um político que se diz honesto.
Quando um homem crescido mostra o seu sorriso metálico, na verdade, está a dizer que a pila dele já conheceu melhores dias.
E, desportivamente falando, um homem crescido com aparelho nos dentes tem ainda menos credibilidade que um treinador do Sporting.

 

Imagem retirada daqui

O Interno Feminino responde #1

Avatar do autor tsetse, 26.03.12

Uma leitora enviou-nos a seguinte questão: "O que pode levar um homem a flirtar 2 meses e depois desaparecer, após a primeira noite juntos?". Fiquei a pensar no assunto e tentei organizar as hipóteses, segundo experiências que fui ouvindo ao longo da minha vida, temperadas com um pouco de imaginação e lógica, em tópicos:

 

1. Gosto

Esta é a mais óbvia, mas também a mais difícil de aceitar. Ele estava interessado na rapariga mas, após o contacto mais próximo, descobriu que não havia química, graça, pachorra, beleza, perfeição ou outro qualquer factor que ele valorize.

 

2. Timing

Ele até lhe acha graça, mas estão em fases distintas. Ele quer encontrar uma companheira dedicada, simpática, simples, para casar, ter filhos ou ter uma vida mais cómoda, mas encontrou uma pessoa que parece preferir festas, viagens e muita animação. (Claro que, normalmente, é mais ao contrário. Só dei este exemplo para ter mais graça.)

 

3. Arrependimento

O rapaz é comprometido, a relação está chata, ele está a tentar não morrer de tédio flirtando com outras pessoas, não consegue resistir a tanta beleza que anda pelo mundo fora, depois, olha para a namorada, que até é uma querida e muito dedicada, e arrepende-se. (Esta é a hipótese menos provável. Tipicamente, o homem só se "arrepende" ao fim de 10 ou 20 noites, quando a outra parece estar envolvida o suficiente para poder causar problemas.)

 

4. Medo

A rapariga parece areia a mais para a sua camioneta e ele prefere sair de cena, enquanto ainda faz boa figura. Ou passou por uma ou várias relações difíceis e tem medo de voltar a aproximar-se de alguém. Ou simplesmente tem medo de intimidade. (Outras hipóteses pouco prováveis. Mas é sempre bom imaginar que pode haver uma causa maior.)

 

5. Diversão

Ele não está interessado numa relação ou está à procura de uma princesa encantada linda de morrer e, enquanto espera, vai-se divertindo. Enrola-se só uma vez, para não ter que se aborrecer com a reacção e sentimentos da "divertida".

 

No fundo, a razão não interessa muito. Quando um homem gosta (e tirando os casos que envolvam filhos, muito dinheiro ou problemas mentais), ele vai atrás. Como já disse várias vezes, os homens são sempre mais básicos do que imaginamos. E qual é o interesse de estar com alguém que não gosta assim tanto de nós?

 

 

* ilustração de Roxy Lady

Macho que é macho

Avatar do autor tsetse, 19.08.11

 

Embora eu seja a favor da igualdade de oportunidades, de direitos civis e de remunerações entre géneros, não sou a favor do fim da feminilidade ou da masculinidade e, muito menos, da criação de uma metro-sexualidade transversal, que transforma todos os seres em iguais. Nunca queimaria soutiens, nem participaria em marchas contra os saltos altos ou a maquilhagem.


Gosto de ver mulheres delicadas e arranjadas de forma feminina e gosto de homens masculinos, daqueles que inspiram confiança e que nos fazem sonhar com uma protecção eterna. Com isto não quero dizer que os homens não devem cuidar da sua aparência ou tentar vestir algo que os favoreça e esteja na moda. Podem e devem, desde que não passem um certo limite.

E onde está o limite? Como é difícil de definir, vou tentar listar o que me faz espécie em alguns homens e que funciona, para mim, como um turn-off:

- Homem que é homem, não usa pijaminha e raramente tem frio. Se um namorado me dissesse que gostava de dormir de pijaminha para ficar quentinho durante a noite, não conseguiria conter o riso.
- Macho a sério pode interessar-se por decoração, mas jamais irá decorar o espelho da casa de banho com conchinhas que apanhou na praia ou coleccionar miniaturas de prata ou de cristal.
- Homem a sério não tem medo de ser arranhado por um gato ou de torcer um pé, nem anda sempre a queixar-se das pequenas mazelas. Um homem, para mim, tem que ser resistente e pieguice é sinónimo de efeminado.

- Um macho digno desse título não pede a uma senhora para não colocar um copo em cima da mesa, para não estragar a madeirinha, nem fica preocupado sempre que colocamos um copo cheio perto do seu rico telemóvel.
- Um verdadeiro homem não tem medo de baratas, ratos e outros pequenos animais e nunca, mas nunca, pede a uma mulher para matar tais seres, por ele.

Com certeza que, para outras mulheres, o limite será outro, mas há sempre um limite.

 

 

* ilustração de Roxy Lady

Os maridos exemplares (ou nem por isso)

Avatar do autor tsetse, 03.06.11

Noutro dia, uma amiga minha confessava-me, com grande desgosto, que tinha visto o marido da prima a dar um beijo a outra mulher. Para ela, o casamento da prima representava a relação ideal. O marido tinha uma tal adoração pela prima, que fazia tudo para que ela se sentisse melhor. Fazia quase todas as tarefas domésticas; fazia massagens à mulher todas as noites, para ela dormir melhor; olhava para ela sempre com o olhar mais apaixonado do mundo; etc. Um verdadeiro marido exemplar.

Poucas semanas depois, estava com outra amiga, quando chegou uma velha amiga dela, a Raquel. A Raquel começou a contar as novidades e, no meio de várias histórias, veio a história da sua melhor amiga, a Maria. A Maria, segundo ela, era a mulher mais sortuda do mundo. Como na história anterior, tinha o marido ideal. Ele fazia frequentemente viagens de 600 Km para ir levar e buscar a mulher a casa dos pais, para ela não ter que andar de comboio sozinha; estava sempre atento a todas as necessidade dela e não podia ser mais querido. Tudo muito bonito, se eu não conhecesse o marido da Maria e não soubesse que ele anda envolvido com outra mulher.

A questão é: o que leva estes maridos exemplares a trair as mulheres que parecem adorar?

A minha primeira teoria é a de que eles se cansam de viver em estado de adoração constante e começam a ter necessidade de ter também alguma atenção. 

A segunda teoria é a de que todas as relações têm uma data de validade. Mesmo as mais perfeitas. Por questões instintivas e animalescas, os homens precisam de novidades e, os que são fracos, não se controlam perante a beleza alheia.

Mais teorias são sempre bem vindas.


Nota: Os nomes e alguns pormenores foram alterados, para não revelar a identidade dos envolvidos

A vaca, o leite e o prémio

Avatar do autor TNT, 05.05.11

Noutro dia à conversa com um amigo que tem um rancho de filhas, conversávamos sobre os receios dele como pai sobre as relações que as meninas viriam a ter quando fossem mais crescidas.

Eu disse-lhe que as meninas tendem a exigir dos homens o mesmo tipo de relação com que cresceram. Ou seja, por mais que ensinemos as crianças elas tendem a imitar os comportamentos dos educadores. O ‘faz o que eu digo, não faças o que eu faço’ não é válido para a maioria dos petizes.

Dizia-me ele que falava muito com elas ensinando-as a serem difíceis com os homens, que o prémio viria mais tarde. Prémio? O que quereria ele dizer com ‘prémio’? “Se querem ficar com eles, não se dêem. Eles vão andar doidos atrás de vocês…”. E mais aquela conversa da vaca e do leite grátis, etc. Nessa altura, fiz por não ouvir mais nada até porque não deveria intrometer-me na educação que ele resolveu dar às miúdas. Mas lá tive de apelar ao kompensan!

Os homens queixam-se de as mulheres serem manipuladoras, mas assim que têm a oportunidade de educar uma, é isto que fazem.

Existe um aforismo imbecil e machista que resume esta ideia: "quando uma menina diz não, quer dizer talvez, quando diz talvez quer dizer sim e quando diz sim ela não é menina nenhuma!"

Talvez tenham razão. Talvez não seja uma menina, mas sim uma mulher. Que não tem qualquer pudor em dizer o que quer, quando quer.

Os homens e os signos

Avatar do autor TNT, 28.05.10

Bem sei que às vezes é difícil fazer conversa de circunstância. Mas é preferível um silêncio decorado com um sorriso, a tanta parvoíce que se apelida por aí de conversa.

Se um gajo nos pergunta o signo, à segunda frase que proferimos, é logo de o riscar do mapa. Gajo que sabe de signos é equivalente ao gajo que diz azul-bebé. São da mesma estirpe. São para abater.

Perguntarem-me o signo soa-me tão descabido como quererem saber a marca do papel higiénico usado cá por casa. Ah e tal sou balança... Eh pá que bom para mim!

Se se é leão é porque se é forte, se se é touro é-se teimoso, se se é peixes é-se o quê...? Esquecido? A ser tudo isto verdade, também é verdade que o cocó cheira mal e que as pedras da calçada fazem chorar como as cebolas. E isto é assunto?

Mas que raça de metro-cosmo-lux-caras-tvsetedias-sexuais idiotas é que se anda para aí a formar? Deixem-me em paz mais o raio dos signos!

A única coisa que me interessa no zodíaco é o assassino em série. Deixem-se de mariquices de conversas de signos. Nós gostamos de homens por isso mesmo. Por serem homens. Comportem-se como tal, se faz favor. Ou é pedir muito?

Como espantar a caça

Avatar do autor TNT, 04.05.10

Com certeza que todas as leitoras já se depararam com um ‘melga’. Os melgas são aqueles que não nos largam a braguilha, mesmo depois de não lhes atendermos o telefone pela 90ª vez, ignorarmos todos os convites, fazermos de conta que temos visão raio X como se fossem transparentes, dizermos que temos o gelado ao lume ou um urso polar no quintal que nos está a atacar a tartaruga, coitadinha.

Há tipos que não percebem as indirectas e nem sequer as directas. Insistem como se não houvesse amanhã, deixando-nos à beira de um ataque de nervos.

Porém, existe uma solução. Se há coisa que os homens não suportam são conversas sobre problemas femininos. Estas incluem menstruações dolorosas, marcas de pensos higiénicos e tampões, caroços no peito, quistos nos ovários, a sensação desagradável da introdução do espéculo nas idas ao ginecologista, candidíases, pêlos púbicos encravados, retenção de líquidos e afins.

Mesmo que não tenhamos nada destas coisas, funciona que nem ginjas. “Ah e tal, hoje não posso ir ao cinema. Estou cheia de dores do período e ainda por cima não encontrei no supermercado os tampões que costumo usar. Ainda por cima, descobri aqui um caroço no peito e tenho de ir rapidamente ao ginecologista. Estou mesmo incomodada e é melhor ficar para outro dia…”. Eles desligam o telefone apressadamente, vão tomar uma água das pedras e rezar para que a semana passe sem pormenores gráficos a assolarem-lhes o espírito. Naqueles cérebros aparece imediatamente o sinal de proibido associado ao nosso nome e, com sorte, o alvo só torna a ligar no dia do nosso aniversário ou em época natalícia, apenas por uma questão de cortesia.

É que eles adoram andar a passear-se por estas zonas, mas detestam saber o que custa a manutenção do equipamento!

O drama da casa de banho (ou quarto de banho para quem for do Norte)

Avatar do autor TNT, 11.04.10

Se há coisa que me encanita é como é que os casamentos ‘do antigamente’ subsistiam e duravam, apenas uma casa de banho no lar doce lar.

Uma pessoa pode até partilhar a cama, o sofá, e, quem sabe,  o armário – acho pouco prático, mas enfim -, mas a casa de banho não me parece coisa para se partilhar. O mulherio tem sempre uma data de coisas que PRECISA de ter no aconchego daquelas paredes de azulejo. Os cremes para a cara – leia-se três ou quatro diferentes para o dia e para a noite – os cremes para o corpo, para os pés, para os cotovelos, para as mãos, para as cutículas, o óleo de amêndoas doces para as unhas, os vernizes, a maquilhagem, o champô, o creme amaciador, a máscara, as escovas, o pente, o secador, os tampões, as toalhitas, os discos de algodão, o desmaquilhante...

Como é que pode sobrar espaço para a espuma de barbear e o lote de revistas com que os gajos sempre se fazem acompanhar em momentos de grande reflexão como a ida à retrete? Não é praticável! Já para não falar daqueles tipos que precisam do seu momento matinal no trono durante cerca de 1h10, quando toda a gente sabe que problemas de obstipação são quase exclusivamente femininos! Por que carga de água é que os gajos ficam lá tanto tempo? Para não nos aturarem? Eh pá, o raio que os parta, vão para o café do Sr. Amândio e ponham as leituras em dia!

A fórmula para um casamento sofrível é ter duas casas de banho. Pode até ter-se um T0, mas não me lixem... com duas casas de banho!

Amor no centro comercial

Avatar do autor TNT, 11.02.10

A propósito desta cegada do Dia dos Namorados, o Cão Azul decidiu lançar uma colecção de T-shirts alusivas ao tema. A que mais me encanitou foi uma que diz “Amor é... ir às compras com ela e não ficar à porta das lojas”.

Não posso discordar mais desta máxima!

 

Se há coisa que me irrita solenemente é esbarrar constantemente com os namorados das meninas entre os charriots com ar de cachorrinhos abandonados sem saber o que fazer e sempre mal posicionados a empatar a circulação – sim, porque tudo isto tem uma técnica – e a carregar os sacos que elas já encheram nas outras lojas onde eles já fizeram figura idêntica.

Noutro dia, por causa de um presente específico, percorri algumas trezentas lojas de roupa interior. Andava em busca de uma coisa que nem eu sabia que existia e por isso tive de perscrutar várias lojas numa missão quase impossível. Como se não bastasse o meu desespero inicial, ainda tinha de esbarrar com os rapazinhos que tinham o ar mais constrangido deste mundo enquanto elas perguntavam “então o que achas deste?”. Eles, com ar de boi para palácio e berrando silenciosamente “TIREM-ME DAQUI!!!”, esboçavam um sorriso amarelo semelhante ao esgar que sempre antecede uma cólica renal ou uma valente diarreia.

O resto do mulherio olhava para eles num misto de “o que é que este tarado está aqui a fazer a babar para cima dos soutiens...?” ou “já saías daí para eu poder passar, ó boçal do caraças!”. E eles, “desculpe aqui, perdão acolá” a saber que estão a pagar alguns pecados cometidos e outros por cometer.

Meninas, os senhores dos centros comerciais já fazem umas áreas à porta das principais lojas com uns sofazitos e umas mesitas especialmente a pensar nos pobres dos moçoilos que são arrastados para estas lides das compras. Deixem-nos lá sentados.

A sério. Eles preferem… e o resto das mulheres também.
 

Os homens e o seu material bélico

Avatar do autor TNT, 23.10.09

Há uns anos fui para uma reunião com um administrador bancário. Dirigi-me às instalações do dito cliente e esperei durante uns minutos enquanto ele se despedia das pessoas da reunião anterior. O dito senhor mandava umas larachas à laia de despedida enquanto jogava bilhar de bolso. Eu achei aquilo de uma falta de gosto tremenda. Ainda íamos nas primeiras horas da manhã e o circo já estava instalado só não sei se a tenda estava armada.

Ele dirige-se a mim para me receber e cumprimentar. Eu, que sempre tinha cumprimentado o senhor de bacalhoada, lanço-me intempestivamente para ele e prego-lhe dois beijinhos. Assim como assim, sempre era um cumprimento mais formal do que se lhe desse um aperto de mão depois de ele ter estado a arrumar o material durante largos minutos.

E agora pergunto: porque é que os homens estão sempre a arrumar, ajeitar, coçar, remexer o material de guerra?

É algo completamente transversal. Não olha a idades, classe social, política ou cultural. Todos mexem com afinco, várias vezes ao dia em privado ou em público.

O que me faz confusão é que se aquilo está agarrado ao corpo desde que nasceram porque é que ainda não se habituaram? Continuam a ajeitar, arrumar e sei lá mais o quê… O que é que se passa? Os elementos separam-se, querem fugir e vocês andam sempre a certificar-se que lá permanecem?

Se eles fossem tão cuidadosos com a casinha como o são com o armazém, os lares deste mundo andavam todos num brinquinho!