Em conversa com amigos, interrogamo-nos quais os tempos politicamente correctos entre o conhecimento, o beijo, os amassos e finalmente o sexo. Devo dizer-vos que não chegámos a conclusão nenhuma, mas ainda nos rimos a valer com as gritantes diferenças e o generation gap.
Percebemos, no entanto, que quando somos mais novos a coisa demora mais entre o beijo e o sexo ao contrário dos mais velhos. E que os mais velhos demoram mais entre o conhecimento e o beijo, mas depois é sempre a abrir, ao contrário dos mais novos que ficam ali a engonhar.
Fazendo bem as contas, acabamos por demorar os mesmos tempos. Demoramo-nos é em etapas distintas. A avaliação do risco é diferente.
Num jantar com amigas trintonas sai a seguinte bomba: “... eh pá, lá tive de me embrulhar com ele... já não temos idade para andar aos beijinhos, não é?... é esperável que saltemos logo para o step 3... mas pronto, lá dei uma abébia... também olha, que se lixe...”
Então afinal qual é o tempo social e politicamente correcto para o salto para a espinha? Quanto tempo nos devemos demorar em cada etapa?
Os mais novos têm o pudor de serem conotados como fáceis. Os mais velhos não têm pudor. Foi-se com a idade e há pouco tempo a perder com coisinhas... Os mais velhos têm medo de se meterem em alhadas. Muitos anos a virar frangos... Os novinhos pelam-se por uma boa confusão! Saltam para o beijo logo a seguir ao conhecimento que é um mimo...!
O comportamento considerado “devasso” até aos 25/29, passa a ser normal a partir dos 30! O comportamento considerado “decente” até aos 25/29, passa a ser anormal a partir dos 30!
Ora, havendo esta confusão toda de valores, e que depois ainda sofrem as variáveis geográficas e culturais, eu diria que o melhor é ser sempre devassa! Sempre satisfeitinha, de barriguinha cheia, boa disposição e sorriso estampado na cara!
Pelo sim pelo não, antes comida, do que com uma lariquita... que a fome nunca trouxe alegria a ninguém!
Estava eu, ao almoço, a falar sobre a igualdade de deveres domésticos com alguns exemplares do sexo masculino e eis o que eu ouço: "Esses homens não ajudam em casa pois sabem que têm alguém para fazer tudo", "se têm alguém que o faça, para quê complicar", "elas só ficam nessas relações porque querem" e "têm o que merecem, pois se não gostassem iam-se embora".
Pois é... Achavam que eles vos iam valorizar pelo vosso trabalho dobrado? Que vos iam achar umas super mulheres, salvadoras do sagrado matrimónio? Enganam-se. Acham-vos umas otárias.
Por isso, minhas amigas, acordem! Escolham a pessoa certa e eduquem-na desde o início. O coitadinho não sabe passar a ferro? Então que aprenda. Nada de dizer "deixa lá, eu faço". Isso implica fazer para sempre.
Se todas as mulheres forem coerentes, exigirem a partilha de tarefas e educarem os filhos a não compactuar com injustiças, não teremos que passar por isto.
Porque a verdade é: A maior parte dos homens tem um comodismo superior à sua vontade de ser justo.
Quem lê este blog com alguma frequência sabe que eu sou uma forte defensora dos direitos iguais. Sei que outras autoras não concordam comigo, mas a graça deste blog está também na diferença de opiniões. Defendo direitos e deveres iguais e gosto de pagar os jantares a meias.
No entanto, defendo alguns comportamentos que, para mim são apenas cívicos, mas que para os outros são muitas vezes considerados discriminatórios. Por isso, já tive que ouvir várias vezes comentários como: "Se queres a igualdade, porque esperas que os homens te abram a porta?" A resposta é simples: porque aprecio as pessoas civilizadas e atenciosas. Na realidade, eu não peço mais do que eu dou. Eu também abro a porta à minha avó, quando ela anda comigo de carro. Eu também deixo passar as senhoras mais velhas, à entrada dos elevadores. Eu também fico à espera que as minhas amigas entrem em casa. Eu também me baixo para apanhar o que alguém mais velho deixou cair.
Ou seja, há uma série de regras que nos ajudam a viver de forma civilizada e, se as seguirmos, escusamos andar todos aos empurrões e a pensar na melhor maneira de ser atencioso.
Alguns exemplos: - Quando estão várias pessoas à espera para passar por uma porta, deixa-se passar primeiro as mulheres e depois os homens. Entre pessoas do mesmo sexo, deixa-se passar primeiro as pessoas mais velhas. Assim, não há empurrões nem tempos mortos de espera, do tipo "ai será que ele passa ou não, espero ou não... e entretanto já aqui estou a aqui a fazer figura de parvo". - Quando várias pessoas vão entrar num carro, em vez de se discutir quem vai à frente, já se sabe como escolher: prioridade para a mulher mais velha. - Quando se vai sair com uma pessoa mais (ou igualmente) frágil, deve-se acompanha-la a casa e garantir que a mesma entre em segurança. - Quando um homem leva no seu carro uma senhora (ou uma senhora leva no seu carro alguém bastante mais velho), deve sair para abrir a porta e certificar-se de que esta sai em segurança.
Domingo, depois de ver os Gato Fedorento na RTP1, passei pela TVI e deparei com um novo programa. Decidi ver uns minutos, para perceber o que era. Trata-se de um concurso onde os concorrentes chegam aos pares, constituídos por uma mulher bonita e um homem inteligente. Assim, à primeira vista, pensei logo: então porque é que não arranjam logo uma mulher bonita e inteligente, poupavam logo uns cobres. Mas ainda não tinha percebido a verdadeira essência do programa. A parte que eu vi consistia num jogo onde se mostrava uma fotografia de alguém famoso e a menina (supostamente linda e burra, porque pelos vistos é isto que eles acham que o povo espera de uma mulher bonita) tinha que adivinhar quem era. Se não adivinhasse à primeira, o apresentador, todo simpático, dava mais umas dicas, para ajudar. Do que eu consegui ver:
Fotografia 1: Agustina Bessa-Luís Ela: Não sei. (normal, pensei eu, pode não conhecer a cara da senhora) Apresentador: É uma poetisa portuguesa e o nome começa por Agustina. Ela: Não sei. (pois, que há tanta poetisa portuguesa que se chama Agustina, que é difícil... or not...) Apresentador: O segundo nome é um nome de um estádio Ela: Agustina Benfica? (ah, espera lá, isto de nem saber o nome da Catedral do glorioso já é exagero!) Apresentador: Agustina Bessa-Luuuuu.... Ela: Agustina Bessa-Luz? (bem, pelo menos redimiu-se quanto ao nome da Catedral)
Fotografia 2: Fidel Castro com a farda de sempre Ela: Não sei. Apresentador: Primeiro nome é Fidel e é presidente de Cuba. Ela: Não sei. (pois, que isto de presidentes em Cuba é aos molhos, por isso é muito difícil)
Conclusão: Escolheram as concorrentes a dedo, para fazer rir o povinho.
Mas, na minha opinião, este tipo de programas só servem para denegrir mais a imagem da mulher e das pessoas que têm algum cuidado com a sua imagem. Será que um dia destes, para parecermos competentes, teremos que nos fantasiar de feios e desarranjados?
Machismo - ideologia segundo a qual o homem domina socialmente a mulher; subalternização da mulher. Feminismo - sistema que preconiza a igualdade de direitos entre a mulher e o homem. Igualitarismo - sistema dos que proclamam e defendem a igualdade social.
Não vos parece que a palavra "feminismo", segundo a forma como é usualmente utilizada e como é definida no dicionário, é desnecessária? E, já agora, como se chama a ideologia segundo a qual a mulher acha que deve dominar socialmente o homem?
Por isso, a partir de agora, não quero ser chamada de "feminista". Acho uma palavra injusta. Quero ser chamada de "igualitarista de género". Mais nada!
Às vezes dou comigo revoltada, a pensar "mas porque é que eu não nasci homem?". E para quê? - pergunta o leitor.
- Para não ter que estar sempre a provar que posso ser tão inteligente como um homem. - Para não ser discriminada no trabalho. (Porque, podem haver aí muitas profissões em que ser mulher é uma vantagem. Mas, na minha, mulher é sinónimo de problema.) - Para poder ter uma mulher a fazer-me todo o trabalho doméstico, que ainda ficasse agradecida quando eu a ajudasse a lavar a loiça, depois de ela ter estado horas a limpar a casa sozinha. (É que dava-me tanto jeito e ficava tão mais barato do que uma empregada). - Para que me chamassem "charmoso" em vez de "velha", quando reparassem nas minhas rugas. - Para não ter dores de barriga todos os meses. Que isto depois de muitos anos é uma canseira. - Para encontrar calças largas, confortáveis e giras em todas as lojas. (Nem imaginam a quantidade de lojas que eu tenho que percorrer para encontrar um modelo assim para mim).
Depois... depois olho à volta, para todos os homens que me rodeiam e agradeço ter nascido mulher. (Wrong, não é para poder ser mãe... também não me importava de ser pai...) É porque mais vale uma vida difícil, do que a pobreza de espírito, maneiras e desembaraço que ataca a maioria dos espécimes masculinos.
Eu, como a grande maioria das mulheres do mundo desenvolvido, passo a vida a tentar emagrecer, ficar mais elegante, preocupada com a linha e sempre a querer caber naquela roupa fantástica de quando eu tinha 19 anos e que agora está novamente na berra.
Nos últimos meses tenho vindo realmente a conseguir e noutro dia oiço um comentário do género: “Ai, a menina já está a ficar muito magra. Veja lá não exagere porque os homens também gostam de chicha...”
Gostam de chicha??? E eu com isso?
Mas eu ando a ver se fico em forma por causa de gajos? Será que é essa a impressão que fica quando uma mulher quer ficar melhor, andar mais bonita, vestir-se de forma mais ousada?
As mulheres, de uma forma geral, arranjam-se porque são vaidosas, porque adoram ver-se ao espelho, porque gostam de roupas giras (que obviamente só ficam bem se se tiver aqueles kilos a menos..), porque se sentem mais seguras e consequentemente capazes de feitos impossíveis quando andam de fato de treino!
Arranjamo-nos conforme o nosso estado de espírito. Há dias em que nos sentimos caçadoras e ninguém nos segura. Com certeza nesses dias, preferimos roupa interior de matadora. Se alguém vai ver ou não, pouco importa. Porém, há dias em que só apetece jeans e camisolão. E nesses seguramente, a roupa interior será de algodão.
O que os homens não entendem é que os nossos dias não são passados a pensar em agradar-lhes. E nem sempre vestimos mini-saia para atraí-los. E mesmo quando temos um decote até ao umbigo, pode não ser sinal verde para nos saltarem para a espinha. Podemos ser mesmo vaidosas, exibicionistas, loucas sem pensarmos em meter homens ao barulho.
Por isso não pensem que quando uma mulher se veste de forma mais ousada, ela esteja a pensar em agradar-vos. Pode estar num daqueles dias que gosta mais de si própria que o costume.
É engraçado como, quando defendo direitos iguais para homens e mulheres, sou muitas vezes chamada de feminista: Escrevi aqui um post sobre como as mulheres são, no fundo, tão eficientes como os homens e fui chamada de feminista; Se eu digo que os homens devem passar tanto tempo em tarefas domésticas como a mulher, sou chamada de feminista; etc...
A verdade é que há certas questões que estão de tal forma estabelecidas, que as pessoas tendem a não pensar na sua injustiça. Principalmente quando estas lhes são favoráveis e dão jeito. Foi assim ao longo da nossa história e, pelos vistos, continua a ser.
Imaginemos o seguinte cenário: Vocês estão em plena África do Sul, em 1960. Ouvem um branco dizer a um preto, prestes a ter um ataque cardíaco, que não pode entrar na ambulância onde ele se encontra, porque a cor da sua pele é diferente. Manda-o para outra, velha e sem equipamento médico apropriado. Achariam que o preto estaria a ser racista, se pedisse para ser tratado de forma igual? Se pedisse para entrar? Claro que não!
Segundo cenário: Imaginem um qualquer faraó do antigo Egipto, habituado a ter mão de obra gratuita (escravos). Acham justo ele escravizar outros seres humanos, só porque era costume e dava jeito? Espero que não!
Então, porque é que ainda hoje temos: - homens que acham que mulheres que trabalhem tantas horas como eles, têm a obrigação de chegar a casa e limpar a casa de ambos; - homens que esperam que as mulheres saiam mais cedo do trabalho para ir buscar os filhos, enquanto eles aproveitam para adiantar trabalho ou para ir beber uma cerveja com o amigo; - homens que acham que o seu género é mais inteligente ou mais eficiente (e que uma mulher que tenha a ousadia de pensar que é igual, só pode ser feminista); - clubes exclusivos para homens (quando um clube só para brancos seria impensável nos dias de hoje);
Por muito que vos custe perder certas regalias, a verdade é que as únicas diferenças entre os dois sexos são físicas (tal como entre brancos e pretos) e sócio-culturais (tal como entre escravos e homens livres). E, se a maioria das pessoas sensatas está contra a escravatura e defende (tal como eu) que brancos e pretos têm as mesmas capacidades e direitos, está na altura de perceberem que o mesmo se passa entre homens e mulheres! Sim, dá muito jeito ter uma mulher que faça tudo lá por casa e manter essa postura de superioridade. Eu própria, de vez em quando, gostaria de ter uns escravos lá por casa. Mas tenho o bom senso de perceber que não seria justo.
Meus amigos, a verdade nua e crua é: Quando temos as mesmas oportunidades, gostos e educação, somos iguais! Homens, mulheres, brancos, índios ou pretos!
Acabo de ver um anúncio de um serviço de televisão por cabo e fiquei com náuseas. É um tipo que chega a casa e encontra uma carta da mulher a comunicar que se foi embora porque ele não se chegou à frente com €15,50 de mensalidade para ela poder assistir à diversidade de canais oferecida pela companhia.
Bom... Após recuperação do choque inicial verifico com tristeza que esta pode ser uma realidade instituída no nosso país.
Deixar um gajo agarrado à roupa para lavar, não me parece nada mal. Mas se tivermos de sair de casa que seja por motivos mais nobres. Sei lá... conhecermos um tipo que é uma bomba na cama, ou um que nos leve para um paraíso no Índico, ou que nos venere como merecemos. Agora por causa da TV Cabo??
Meninas, valorizem-se. Que enquanto não se valorizarem, continuaremos a ter esta política de achincalhamento que com certeza não vão querer passar às vossas filhas.
Se tivermos que nos vender, acho que o mínimo exigido é uma penthouse na Quinta Avenida e vários tipos para nos concederem os mais raros desejos!
Muitas pessoas acreditam que o homem é mais eficiente do que a mulher. Ora bem, uma vez que tenho um acesso privilegiado ao inimigo (sempre trabalhei maioritariamente com homens), sinto-me obrigada a desmistificar esta questão.
Grosso modo e correndo o risco de ser injusta com as excepções, os mitos que existem são:
Mito 1: o homem sabe mais do que a mulher Situação real: o homem é teimoso e pouco eficaz e não gosta de perguntar o que não sabe. Por isso, prefere perder duas horas a estudar um assunto, do que perguntar a solução a quem a sabe. Vai daí, parece saber mais do que realmente sabe.
Mito 2: o homem trabalha mais do que a mulher Situação real: o homem tem menos actividades extra-curriculares (por exemplo, menos filhos para ir buscar à escola, menos idas obrigatórias ao supermercado, etc) e por isso pode ficar mais horas a trabalhar.
Mito 3: o homem é mais ponderado do que a mulher Situação real: a mulher é mais apaixonada pelo que faz e fica mais desesperada com a incompetência dos outros. Além disso, a maioria das mulheres é mais transparente. Mostra mais os sentimentos. (Não confundir ponderação com desinteresse ou calculismo...)
Como dizia o outro: Efectivamente gosto de aparências, aparentemente sem (des)moralizar!