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O Interno Feminino

Divagações e reflexões do mundo no feminino. Não recomendado a menores de idade ou a pessoas susceptíveis.

Os novos chatos

Avatar do autor tsetse, 24.12.06

Ao longo da vida, conhecemos muitas pessoas interessantes, que tinham tiradas com muito graça, que nos faziam sorrir com o comentário certo na altura certa, que nos faziam ter vontade de passar horas à conversa, etc. Hoje em dia, algumas delas não têm graça nenhuma.

Aqui vai a lista das possíveis causas de tal mudança:

1. Quando conhecemos melhor a pessoa e descobrimos defeitos imperdoáveis (como, por exemplo, oportunismo, falta de princípios, etc...) e só nos queremos é ver longe delas!

2. Quando a pessoa muda de comportamento, por ter arranjado um namorado ou emprego novo (e, de repente, começa a levar a vida muito a sério ou ganha um narizito empinado novo).

3. Quando a pessoa se deixa influenciar por outras, com gostos e hábitos menos apelativos (e começa a ficar chata ou irritante).

4. Quando o outro passa uma fase negativa e parece não querer sair dela (e se torna destrutivo ou simplesmente desinteressante).

Mas porque é que as pessoas não têm fibra suficiente para manter as coisas boas que há em si? Porque é que se deixam apagar ou azedar? Será que se acomodam à chatice e pensam que a vida é mesmo isso, envelhecer na mediocridade?
 
Seja qual for a resposta, tenho pena. De positivo, só posso dizer: a graça deles pode estar em parte incerta, mas as boas lembranças ficam. O que já não é mau.


Tsetse

Vanity Fair ou o Circo Matrimonial

Avatar do autor TNT, 11.12.06

Vivi uns tempos em Madrid o que me deu uma visão das aparências muito peculiar. Elas penteiam-se de forma fantástica, perfumam-se, vestem-se super bem, arranjam-se maravilhosamente... Parece tudo bom até agora. Mas não referi um pequeno pormenor: banhinho que é bom, não tomam!

As gajas madrilenas fazem-me lembrar os casamentos portugueses. Em que tudo vive de aparências. Em que tudo parece bonito. Mas se começarmos a raspar a superfície e a levantar aquela película tão ténue da aparência só se vêem rolos de cotão acumulados ao longo dos anos. E estou a ser simpática referindo só o cotão.

Anda toda a gente a enganar-se. A disfarçar. A endrominar. Tenho tido acesso directo e indirecto a histórias macabras que fariam corar Poe.

A mentira, a falta de respeito pela privacidade, a espionagem, a vida dupla e a procura de emoções fortes fora do casamento, instalaram-se nas casas portuguesas. E estão de tal maneira instituídas que já ninguém estranha... “Ah e tal... fui ver o mail dele e tava lá uma mensagem de uma...” ou “Recebeu uma chamada no telemóvel e foi atender para a cozinha. Claro que a seguir fui ver ao registo de chamadas quem estava a ligar...” ou “Fiz-me passar por ele no messenger... elas caem que nem umas patinhas...” E isto já faz parte do dia-a-dia e é tão banal como almoçar ou jantar.

Mas que raio de casamentos são estes? Que raio de relações são estas? São estes valores que querem passar à geração seguinte?

Que eles são uns doidivanas já nós sabemos! Que precisam de afirmar a sua sexualidade diariamente, também sabemos. Agora que nós entremos no jogo das mulheres traídas, mal amadas e reactivas, põe-me muito triste... É que nesta semana foram três histórias diferentes de operações de cosmética matrimonial a que tive de assistir/ouvir.

Não há maquilhagem ou laca que resista a tanta tanga! Estão a ver porque não me caso? Era incapaz de fazer parte deste número de circo. Nem mesmo com o Natal à porta...

TNT

Pode uma relação sobreviver a uma traição?

Avatar do autor convidado, 23.11.06

Vamos supor a seguinte situação, que por acaso (e só por acaso) não é verdadeira: imaginemos que eu fui traída, terminei a relação, mas agora e dado o arrependimento sincero do meu companheiro, decidi voltar. Faço as malas, coloco a toilette mais sexy que encontrar, e lá vou eu.
Chego, dou uns amassos no moçoilo, vivo uma segunda lua de mel, até que estou assim sem nada para fazer e me ponho a pensar: Ora bem, agora que estou de novo nesta relação, com o mesmo tipo que não pensou duas vezes antes me trair, como vai ser? Conseguirei realmente confiar nele? Se o palerma me traiu uma vez, não será porque ele acha que essa é uma alternativa possível? Não estará na base dos seus princípios morais? Será que, da próxima vez que ele estiver a apanhar seca e com crises emocionais, não achará normal encontrar uma alternativa divertida?
Outra questão: será que poderei respeitá-lo para todo o sempre? É que não abona nada a seu favor, ter traído uma pessoa como eu!
Depois, já me estou a imaginar num momento difícil, a dizer coisas como:
"Ai não queres que eu vá jantar com o meu amigo? E então porquê? Achas que sou da tua laia e que te vou trair só porque sim?" ou... "Oh meu menino! É melhor ser viciada em compras do que andar por aí, a trair a confiança de quem gosta de mim". Coisas desagradáveis, com certeza, mas que nos saem nos momentos de maior irritação.

Por isso, a minha questão é: será possível construir uma relação saudável, com respeito e igualdade, depois do perdão? Parece-me difícil. Porque perdoar não é esquecer.

É por estas e por outras, que a maior parte das pessoas opta por mentir. Negar tudo até ao fim. E, sinceramente, não me parece nada má escolha.

Bee

Os Desgostos de Amor

Avatar do autor TNT, 10.10.06

Acho que todas as mulheres já tiveram os seus desgostos de amor. Daqueles que nos tiram o sono, a fome, a alma, a vida, a vontade. Que nos atiram para um abismo, um túnel sem saída e outras tragédias que de momento (felizmente) não me ocorrem.
 
E os nossos amiguinhos machos? Como funciona um desgosto de amor no masculino?
 
Pode ser igualmente intenso, não demora é tanto. Afinal há jogos todas as semanas e um gajo não pode ficar preso a um desgosto para sempre. Há outras coisas para fazer e para ver. Há outras mulheres a quem dar atenção. Há automóveis novos para conhecer. Enfim, uma infindável panóplia de actividades em que se empenham rapidamente e nem mais se lembram da gaja que lhes partiu o coração na semana anterior.
 
O coração dos homens deve ser de algum material estranho que se reconstrói com a ajuda de imagens desportivas, de gajas despidas ou semi-despidas, carros e afins. Por um jogo, reconstrói-se uma válvula, por uma vitória do clube, reconstói-se uma aurícula, por uma revista de gajas, reconstrói-se um ventrículo e assim sucessivamente. Até que, dependendo da animação, o coração fica novinho em folha num período de tempo que pode oscilar entre um fim-de-semana e uma semana (no máximo). Garantido! 
 
Como é que se pode obter um coração desses? A quem é que devemos reclamar? Não me parece nada justo que soframos horrores durante tempos sem fim e que eles se recomponham num instante. As crentes, peçam ao Criador, as não crentes peçam ao Estado. Afinal pagamos impostos para quê?
 
Quero um coração de homem, pronto! Desses tipo Lego...

TNT