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O Interno Feminino

Divagações e reflexões do mundo no feminino. Não recomendado a menores de idade ou a pessoas susceptíveis.

Quem dá nem sempre recebe

Avatar do autor tsetse, 23.10.08

Eu não tenho nada contra as pessoas que deixam de trabalhar para criar os filhos, dedicar-se ao marido ou ajudá-lo nos seus negócios. É uma opção e acredito que seja até uma experiência muito enriquecedora, visto que, na sua maioria, as mulheres sentem um grande prazer em ajudar. Desde que (e esta é a questão essencial) o marido tenha capacidade de lhe proporcionar uma situação económica e um futuro semelhante ao que ela teria se não estivesse a dedicar-se a ele.

Quando o meu avô se casou com a minha avó, ela era professora primária. Ela deixou de trabalhar para se dedicar à família, mas o meu avô sempre fez questão de descontar a sua segurança social, de lhe fazer um plano de poupança reforma e de criar uma conta poupança só em nome dela. Hoje, que o meu avô já não está cá, a minha avó tem o privilégio de ter duas boas reformas e viver bem. As viúvas, mesmo que não tenham descontado, também podem receber uma reforma de viuvez. Mas e aquelas que se dedicaram anos ao marido e, de repente, o vêem fugir, não para o céu, mas para outras paragens? Ficam sem nada.

Ainda noutro dia li que uma grande parte da população que vive abaixo do limiar da pobreza é constituída por mulheres idosas que nunca descontaram e que foram abandonadas.

Para além destes casos mais drásticos, protagonizados por mal agradecidos imbecis, há ainda outros mais camuflados como, por exemplo:

1. Os que conseguem que as mulheres que trabalham dentro e fora de casa paguem as despesas da casa e o supermercado com o seu ordenado e vão amealhando (ou divertindo-se com) o seu ordenado. Dentro deste grupo, ainda há aqueles que têm a lata de, no dia do divórcio, passar todas as poupanças para a conta do irmão;

2. Os que que não ajudam nada em casa, por trabalharem horas a mais, e por isso conseguem ter um ordenado muito superior ao dela (que tem que sair do trabalho às 17h para ir buscar o miúdo à creche e tratar da vida dos dois) e que dividem as despesas a meio e usam o seu chorudo ordenado para fazer uma conta poupança ordenado só para eles;

3. Os que pedem às mulheres para trabalharem em negócios deles (às vezes, sem lhes pagar) e depois desaparecem; etc.

Por estes e outros casos que tenho ouvido ultimamente, só tenho a dizer:
O amor é muito lindo, dar sabe muito bem, mas o futuro é incerto. Não tenham vergonha de exigir o que merecem e não se esqueçam de fazer uma poupança só em vosso nome.

Porque, cada vez mais, é raro ouvir um caso como o do meu avô. Parece que o agradecimento e a compaixão estão fora de moda. O futuro está nas vossas mãos.

 

Tsetse

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