Todos nós conhecemos histórias de pessoas que terminam uma relação, deixando a outra parte infelicíssima e arrasada, mas que, mesmo assim e em prol da amizade ou de outro qualquer motivo alegadamente altruísta, continuam a vê-la frequentemente. Arranjam mil justificações, mas no fundo a maior motivação não é os sentimentos do outro, mas os seus próprios. Querem lá saber se a outra pessoa sofre sempre que a volta a ver partir, se a outra vai demorar mais tempo a recuperar ou se está a perpetuar falsas esperanças de uma reconciliação. O que as move é diminuir as suas próprias chatices: não ter que tomar uma posição antipática; não ter que se afastar dos familiares ou amigos com quem simpatiza; manter a companhia, quando lhes apetece; presenciar a adoração do outro, para alimentar o ego; etc.
Na minha opinião, por muito que custe, quando uma relação acabou e a decisão é irreversível, a melhor forma de garantir que a outra pessoa reconstrua a sua vida com o mínimo sofrimento possível é dar-lhe espaço. Claro que custa muito deixar de ver a pessoa que nos acompanhou por algum tempo, mas o mundo não roda à nossa volta e, se realmente somos amigos do outro, devemos desejar o seu melhor. Depois, muito depois, quando ambos estiverem conformados com a separação, a amizade pode voltar naturalmente. Tsetse
27 comentários
Tété 20.03.2008
Ola Tse Tse Concordo em muitas coisas com o que dizes, e acredito que muitas vezes as pessoas que acabam uma relação e não se afastam é pura e simplesmente por egoismo e todas as razões que enunciaste. Mas, há uma situação que pelos vistos tu não pensaste: é que há muita gente a terminar as relações e que o fazem por respeito por si mesmo e pelo outro, porque a relação não está a funcionar como casal e é melhor terminar. E esses tb sofrem, tanto ou mais como os que ficam, só que não se quiseram acomodar. Poderão ser amigos? não sei. Cada caso é um caso. Acho que pelo menos durante uns tempos, é como tu dizes , melhor o afastamento, porque quer queiramos, quer não, se a relação não funcionou alguma mágoa, alguma desilusão ficou...e há que dar e ter tempo e espaço para digerir esses sentimentos.
A questão é o "andar com alguém", ou o "ter uma relação séria e longa com alguém"...
Acho que no 1.º caso é fácil deixar de falar e pronto! Mesmo que de início apeteça de vez em quando saber como está o outro...
Já no 2.º caso... parece-me impossível que se deixe de falar. Falo por mim... estou com a mesma pessoa há 11 anos, as coisas não estão bem e não sei se vão ou não terminar... mas mesmo que terminem... NUNCA seria capaz de deixar de saber como está, de ajudar no que precisar, de estar disponível como amiga... afinal partilhámos muito... Deixar de falar?? NUNCA!
Então para não teres que passar pelo sofrimento de deixar temporariamente de saber como ele está, preferias vê-lo a ter falsas esperanças e sofrimento contínuo, por te voltar a ver partir? E nunca te passou pela cabeça que isso possa ser uma atitude egoísta?
O sofrimento de quem acaba uma relação, a menos que seja para ir a correr para os braços de outra pessoa, é tão grande como o de quem sofre o golpe de ver a sua relação terminada por imposição do outro. Afinal, se a relação acaba, é porque as coisas não estão bem e ambos sofrem com isso!
Egoísta? Não acho! Egoísta seria "apagar" aquela pessoa da minha vida depois de tantos anos de tanta partilha. Se o amor não dura sempre, pelo menos a amizade que dure...
Quanto às falsas esperanças... é a falar que essas coisas se resolvem! E quando se decide terminar depois de tentar tudo e mais alguma coisa... mesmo que doa, que magoe, é a sinceridade que fala mais alto, e não deixa lugar a falsas esperanças.