Todos nós conhecemos histórias de pessoas que terminam uma relação, deixando a outra parte infelicíssima e arrasada, mas que, mesmo assim e em prol da amizade ou de outro qualquer motivo alegadamente altruísta, continuam a vê-la frequentemente. Arranjam mil justificações, mas no fundo a maior motivação não é os sentimentos do outro, mas os seus próprios. Querem lá saber se a outra pessoa sofre sempre que a volta a ver partir, se a outra vai demorar mais tempo a recuperar ou se está a perpetuar falsas esperanças de uma reconciliação. O que as move é diminuir as suas próprias chatices: não ter que tomar uma posição antipática; não ter que se afastar dos familiares ou amigos com quem simpatiza; manter a companhia, quando lhes apetece; presenciar a adoração do outro, para alimentar o ego; etc.
Na minha opinião, por muito que custe, quando uma relação acabou e a decisão é irreversível, a melhor forma de garantir que a outra pessoa reconstrua a sua vida com o mínimo sofrimento possível é dar-lhe espaço. Claro que custa muito deixar de ver a pessoa que nos acompanhou por algum tempo, mas o mundo não roda à nossa volta e, se realmente somos amigos do outro, devemos desejar o seu melhor. Depois, muito depois, quando ambos estiverem conformados com a separação, a amizade pode voltar naturalmente. Tsetse
concordo em parte. mas na verdade, mm nos casos de que falas, o distanciamente tb pode ser uma forma de cobardia. de nao ter de lidar com o sofrimento do outro, de não ter que dar mais justificações, de seguir a sua vida, sem se chatear. da minha experiência, teria sido muito mais facil se em vez de (imenso!) espaço para reconstruir a minha vida também me tivesse sido algo sinal de amizade dp de uma relação de quase uma década ;)
M&M, será que ele seguiu mesmo a sua vida sem se chatear? Será que foi assim tão fácil para ele deixar de te ver ou até não saber até que ponto tu estavas a sofrer?
Se calhar, ele deu-te um grande sinal de amizade e tu nem reparaste...
(Claro que também há muitos idiotas ingratos que conseguem desligar logo o "botão" da amizade ou dos sentimentos... Se foi esse o caso, só tens de agradecer por ele ter desaparecido!)
obrigada... e assim (tão simples que até chateia!) tem-se uma perspectiva diferente dum cenário que sempre se viu da mesma forma e com o mesmo olhar "magoado"...
Permitam-me de vos coloque uma questão. Se duas pessoas, que nutrem uma excelente amizade e que, por alteração de sentimentos concordam em assumir um relacionamento e que, após algum tempo concluem que não dá certo, porque não hão-de retroceder e voltar só à amizade sem afastamentos, sem mágoas e sem constrangimentos? Porque razão dois adultos que não se entendam numa relação não devem ser bons amigos? Penso que amizade é isso mesmo. Separar o trigo do joio é apanágio de maturidade. Mas isto... sou eu que penso assim. Estarei errado? Isto, claro, desde que não apareça uma 3ª pessoa ou de um lado ou do outro que veja esta amizade como absurda e causa de instabilidade. Se assim fôr , então concordo que deva haver o tal afastamento e minimização de contacto.
Eu estava a falar do caso em que uma pessoa decide terminar a relação e "a decisão é irreversível" e fica "a outra parte infelicíssima e arrasada". Ou seja, uma pessoa quer mesmo terminar a relação mas a outra ainda não se conformou.
Claro que se acabarem por comum acordo ou houver dos dois lados esperanças de retorno, o caso muda de figura.
Agora, desconfia sempre que ouvires uma pessoa cega de paixão a dizer que se contenta só com amizade...
Tsetse Tens toda a razão. Ninguém que "ainda" esteja cega de paixão consegue ter só uma amizade. De qualquer modo há que analisar se estas "supostas" duas pessoas estão a sair da 1ª relação ou sejá é a 2ª ou 3ª, etc. E convém analisarmos tb a faixa etária. Sinceramente não acredito que duas pessoas na casa dos "entas" não tenham discernimento e bom senso para terminarem algo a que se propuseram e não deu certo e voltarem à fase incial. Como dois adultos e bons amigos. Claro que até à altura em que provavelmente aparecerá uma terceira pessoa. E aí, éticamente, a amizade poderá mudar um pouco dado que não se pretende criar instabilidade.
Começo por dizer-lhe que frequento este blogue já algum tempo, e embora ache graça ao que em geral escrevem aqui, nunca comentei nenhum dos posts. Hoje, resolvi faze-lo, não só por estar em completo desacordo com o que escreveu, mas também por algumas alarvidades que pude ler nos comentários.
No seu texto, coloca a pessoa “desamada” como uma coitadinha sem capacidade de decidir sobre o seu próprio espaço e destino, ou seja um(a) pobre coitado(a) sequioso(a) de umas migalhas do amor que ainda possam restar. Não lhe ocorre que uma qualquer pessoa “abandonada”, possa apesar disso levantar a cabeça e decidir sobre o luto? Não lhe ocorre que quem “abandona” possa genuinamente querer construir uma amizade com alguém que em determinada fase da sua vida foi tão importante? Esse cliché de que os “predadores” (em geral homens) continuam a rondar a pobre “presa” (coitadinha, uma tola inimputável) com o receio de que alguém ocupe o seu lugar é tão batido que mete dó. Não faço juízos sobre as razões que a levam a pensar assim, que certamente as terá, mas evite generalizar aquilo que não é simples e que nem sempre acontece entre pessoas civilizadas.
A noção de que as relações entre homens e mulheres se baseiam no desequilíbrio entre “caçador” e “caçado” é no mínimo risível e está bem documentada em literatura de cordel foleira e fora de moda. Haja paciência!
Para terminar e para que perceba o que digo, deixo-lhe aqui um exemplo: depois de 15 anos de casamento/namoro, eu e a minha ex-mulher decidimos que estava na hora de salvar o que ainda tinha salvação. Divorciámo-nos e não precisámos de deixar de nos ver por um longo período, para que cada um reconstruísse as suas vidas. Somos grandes amigos e hoje eu sou padrinho de um filho dela. Acha estranho, não acha? Pois, mas estas coisas acontecem na vida real.
1º) Do que tenho visto, há muitas mais mulheres a tentarem auto convencerem-se do seu altruísmo, quando terminam uma relação de forma não consensual, do que o contrário. Por isso, penso que ficou com uma ideia errada...
2º) As pessoas que têm um desgosto de amor podem não ser umas "coitadas", mas ficam mais fragilizadas. Por isso, acho difícil que esteja com todas as capacidades para tomar uma decisão acertada.
3º) Pela forma como conta a sua história, parece-me que a relação terminou por decisão de ambos, por isso é um caso não contemplado neste post.
João Não quero retrucar, nem tão-pouco lhe fazer mudar de opinião, até porque pela sua história és um homem passado na casca do alho, mas vou relatar um pouco da história que vivo neste momento. Cara sou bem casado à 20 anos e até pouco tempo, amigos me procuravam para aconselhamentos em dificuldades no casamento e coisas deste tipo, pelo fato da relação sóbria em que vivíamos em nosso casamento. Só que existe um ditado popular que quem não o respeita quebra a cara " não cuspa para cima que cai no olho". Resumindo companheiro é que conheci uma pessoa, confesso que também me apaixonei mas o amor e respeito que tenho pela minha esposa está me torturando pôs sei que tenho que terminar esta relação da qual estou totalmente envolvido em prol da minha família mas não suporto pensar no sofrimento que sei que vou causar a outra pessoa. Então meu caro, intelectualmente eu sei o que devo fazer mas emocionalmente a pessoa se perde e isso é da natureza humana.
Gostei do seu testemunho. Adoraria saber como conseguiu essa proeza e terminar dessa maneira, amigos e ainda por cima padrinho,........ estou deveres emocionada. Realmente era tudo com que sonhava, mas pensei que só existisse em novelas ou filmes. No meu caso acho que será totalmente impossível, pois quase de certeza que do outro lado, o pensamento é diferente, "ou és só minha ou então não és de mais ninguém". Mesmo não fazendo o minimo esforço para me fazer feliz nem realizada, sempre com comentários destrutivos, criticas, destrutivas, desautorização perante os meus filhos, que hoje já adultos não acatam nada do que digo. Enfim, sinto-me prisioneira da minha própria vida.
Bom...tendo em conta o que foi dito, o autor das "alarvidades" devo ser eu...
Tenho o péssimo habito de usar metáforas para dar a conhecer os meus pontos de vista e opiniões baseadas na minha experiência e vivência, com o intuito de as fazer "sentir" não me limitando a meramente a redigi-las.
Como já fui predador, presa, abutre e cadáver tenho uma visão ampla sobre este território, e consigo entender muito bem o que vai na alma destes designativos para poder alertar para os perigos de que são alvos...só!
"Alarves" são aqueles que do alto da torre do seu palácio acham que os demais que circulam no piso térreo são ignorantes, pois vivem relações repletas de perigos e vivem em constante sobressalto derivado à sua condição menor.
Deixei a minha natureza animal no dia que decidi que devia tomar outro rumo, pois ao contrario do que se possa pensar, eu era animal por opção e não por circunstancia. Aprendi algo muito importante...a ser humilde, pois não é por agora ser grande e forte que tenho o direito de ser arrogante e prepotente com os mais desventurados, pois não tiveram quem os alertasse, quem os protegesse...
Hoje posso alertar os "bichos" aspirantes a pessoas civilizadas do verdadeiro perigo que correm, em todas as suas formas...conheço o terreno pois cacei por lá muitas vezes!
Talvez venha a servir para a minha descendência...não gosto de pensar que poderão ter que passar pelo que eu passei até chegar onde cheguei, mas por enquanto vou praticando, deixando o alerta pela blogosfera fora...
Eu acabei de sair duma relação cujo fim me foi imposto pela outra pessoa. Essa pessoa pediu-me para continuarmos amigos e eu recusei. Amo-o ainda, tudo o que me apetece quando estou perto dele é beijá-lo e abraçá-lo. Como é que posso ser apenas sua amiga? Pelo menos agora não, talvez um dia!! Jinho
Poderia dizer que concordo com a tua teoria. Poderia, não fosse o facto de eu ter já vivido essa situação, de ter pensado exactamente dessa forma e, por isso, me ter afastado. Hoje, um ano e alguns meses depois, posso dizer que só nos encontramos uma vez, por acaso, numa loja Fnac. Acabamos por tomar café juntos e seguimos cada um para seu lado. Muitas vezes me lembro dela, de como estará, mas o que hei-de fazer? Tomei as minhas opções, não a considerei para essas opções (sim fui um grande cabrão, mas pelo menos tive princípios e apesar do sofrimento que lhe causei, tratei-a bem!), logo não tenho direito de querer saber como está, porque no fundo, nem sei se não seria apenas para meu descargo de consciência. E, o melhor disto tudo, é que só faço por me lembrar das coisas boas que passamos. Se ela faz parte do meu passado, se não permiti que fizesse parte do meu presente, então que faça parte de um passado quase perfeito. Porque acima de tudo merece que a recorde assim.