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O Interno Feminino

Divagações e reflexões do mundo no feminino. Não recomendado a menores de idade ou a pessoas susceptíveis.

Sorrisos

Avatar do autor TNT, 20.05.11

Num jantar, com amigos de longa data e outros mais recentes, fala-se de amor e paixão.

Já disse aqui algures que considero a paixão um estado de demência temporária. Aconteceu-me uma vez e não gostei. Não gostei da falta de controlo, da ansiedade permanente, do olhar frequente para o telemóvel. Detestei todos os minutos da coisa. Felizmente durou apenas uns meses, senão acho que teria ido parar a uma daquelas salinhas almofadadas com uma camisa com umas mangas muito, muito compridas.
 
Todos concordámos que a paixão não dura muito tempo. Boa, digo eu.

O meu amigo de longa data - que é doido, eu sei – dizia que a paixão é que era e que se conseguisse prolongar a coisa durante anos seria feliz e coiso e tal. O outro homem – que conheço há pouco tempo – dizia que para se estar apaixonado é preciso estar-se desequilibrado. Tendo a concordar com esta teoria.

E de repente uma amiga que estava na mesa sai-se com esta: ‘o que eu gosto mesmo é de sorrir. É de estar naquele estado em que me apanho a sorrir durante o dia.’

Silêncio à mesa. Sorrisos estampados. Todos a lembrarmos outros sorrisos.
E com isto disse tudo. Não sei o que chamar a este estado, mas que é bom à brava lá isso é!

Missão (im)possível: educar um geek

Avatar do autor TNT, 12.05.11

 

Trabalho num local onde há muito homem. Muito homem mesmo. Há-os de todas as idades, modelos e marcas, mas a grande maioria são geeks que devem andar ali pelos 25-35 anos. Como geeks que são, estiveram fechados na cave grande parte das suas vidas. Quando saíram da cave foram para ali trabalhar e, hoje, estão fechados numa sala com mais 30 geeks iguais a eles, com as mesmas t-shirts, o mesmo ar alienado, sempre a pensarem na próxima linha de código.
 
Claro que a convivência com a espécie feminina tem sido rara e nalguns casos, que não devem ser tão poucos como isso, inexistente. Não dá sequer para criticar grande coisa, pobres, eles nunca tiveram acesso, excepto via web. Por isso, nem me chateio especialmente quando eles dizem alguma coisa fora do sítio. A verdade é que eles não sabem onde é o sítio, nem que raio de sítio é.

Não sei se eles lêem o Interno Feminino. Sei que há um grupinho 2.0 que já subiu alguns degraus na escada evolutiva e que nos lêem. Ainda bem para eles e para a Humanidade de uma forma geral, uma vez que estes meninos de quem falo são muitos dos grandes cérebros deste país. E não há nada mais sedutor que um crânio que também se interessa por coisas terrenas. Delicioso.

Porém, este é um grupinho muito restrito… uns 10 no máximo. Os restantes 356 são uns absolutos trapalhões.

Mesmo não tendo grande jeito para salvar o mundo sem me lixar, e sabendo que o Nobel da Paz também não me vai bater à porta tão cedo, acho que o meu papel no mundo pode começar perfeitamente junto dos 356 trapalhões que se atravessam nas portas, que comem de boca aberta, cujo banho é algo que não deve ser praticado amiúde e que ruborizam sempre que uma mulher lhes dirige a palavra.

Educar estes moçoilos e prepará-los para a vida é uma missão tão nobre como a de qualquer ONG. Vai na volta, o Nobel não está assim tão longe. Se o Arafat o sacou, não há-de ser assim tão difícil.

Sei que alguns são casos perdidos, somente dignos de estudos antropológicos. Mas se puder ‘salvar’ uma ou outra alminha, terei com toda a certeza 70 rapazinhos bronzeados e bem cheirosos à minha espera quando esticar o pernil.

 

 

Raptados, drogados ou actores?

Avatar do autor tsetse, 08.05.11

Há homens que, quando se metem numa relação, ficam irreconhecíveis. Parece que foram raptados por aliens e substituídos por robots ou contaminados por zombies e transformados em mortos-vivos. De repente, perdem a alegria, as tiradas hilariantes, a vontade de sair, a energia, a graça, a alma. Ficamos assim desconfiados, a pensar se foi a namorada que os drogou ou se estamos perante algum perigo público e devemos fugir a sete pés.

A primeira vez que reparei nisso foi já há muitos anos. Tinha um amigo fantástico, daqueles que fazia toda a gente rir, com uma imaginação que parecia não ter fim e uma boa disposição constante. Enquanto ia tendo namoradas de curta duração, nunca percebi nada de estranho. Mas, no dia em que começou uma relação com a pessoa com quem se veio a casar, perdeu toda a graça. Parecia um caso de abdução digno de um episódio dos X-Files. Depois de uma análise grosseira, concluí que ela devia ser má influência. Imaginei que, para estar ao lado de uma pessoa tão amorfa e entediante, ele tivesse que se adaptar. 

Uns anos mais tarde, qual não foi o meu espanto quando ouvi dizer que os amigos da rapariga se queixavam exactamente do mesmo. Que ela até era muito divertida e que o nosso amigo, chato que só ele, a tinha mudado à sua imagem e medida. E, quanto mais histórias malucas eles contavam sobre a rapariga (e sim, eram muitas e boas), mais o mistério se mostrava, afinal, por resolver.

Ultimamente, tenho reparado em mais casais que sofrem do mesmo mal. Pessoas que, sozinhas ou com outros companheiros, tinham muita graça e personalidade, mas que agora, embora pareçam convencidos de estar com a pessoa certa, estão chatos, sem esperança no olhar e sem assunto.

Como o caso é grave, voltei à investigação e para já tenho as seguintes teorias:

1. A velha teoria dos aliens, robots ou zombies, que ainda não está descartada.

2. A suspeita de que certas relações são tão boas ao início, que acabam por funcionar como uma droga. Deve estar tudo bem, quando estão a drogar-se (sozinhos a curtir a relação) mas, quando estão com os amigos, sentem a falta da droga (vida em casal) e, por isso, ficam com os sintomas de qualquer ressacado. Mais tarde, sentem-se mal na relação, porque sabem que estão uma nódoa, mas não conseguem sair, tal é o vício.

3. A hipótese de essas pessoas não terem mesmo graça nenhuma, mas terem fingido ser alguém que gostariam de ter sido, para caçar um companheiro que tudo indica que vá ser de longa duração. Objectivo cumprido, acaba o teatro.

Conclusões? Para já, só uma: é uma pena ver tanto potencial desperdiçado. Mas mais teorias são bem vindas!

A vaca, o leite e o prémio

Avatar do autor TNT, 05.05.11

Noutro dia à conversa com um amigo que tem um rancho de filhas, conversávamos sobre os receios dele como pai sobre as relações que as meninas viriam a ter quando fossem mais crescidas.

Eu disse-lhe que as meninas tendem a exigir dos homens o mesmo tipo de relação com que cresceram. Ou seja, por mais que ensinemos as crianças elas tendem a imitar os comportamentos dos educadores. O ‘faz o que eu digo, não faças o que eu faço’ não é válido para a maioria dos petizes.

Dizia-me ele que falava muito com elas ensinando-as a serem difíceis com os homens, que o prémio viria mais tarde. Prémio? O que quereria ele dizer com ‘prémio’? “Se querem ficar com eles, não se dêem. Eles vão andar doidos atrás de vocês…”. E mais aquela conversa da vaca e do leite grátis, etc. Nessa altura, fiz por não ouvir mais nada até porque não deveria intrometer-me na educação que ele resolveu dar às miúdas. Mas lá tive de apelar ao kompensan!

Os homens queixam-se de as mulheres serem manipuladoras, mas assim que têm a oportunidade de educar uma, é isto que fazem.

Existe um aforismo imbecil e machista que resume esta ideia: "quando uma menina diz não, quer dizer talvez, quando diz talvez quer dizer sim e quando diz sim ela não é menina nenhuma!"

Talvez tenham razão. Talvez não seja uma menina, mas sim uma mulher. Que não tem qualquer pudor em dizer o que quer, quando quer.