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O Interno Feminino

Divagações e reflexões do mundo no feminino. Não recomendado a menores de idade ou a pessoas susceptíveis.

A importância do pré-aviso

Avatar do autor tsetse, 09.11.09

Quando uma relação parece já não ter recuperação e já estamos fartos de lutar e só apetece ir noutra direcção qualquer mais simples e simpática, a maior tentação é acabar da forma rápida e, tanto quanto possível, indolor. Dizer algo que nos permita fugir rapidamente, como "não és tu, sou eu", "gosto muito de ti, mas não aguento a pressão" ou "esta relação não nos está a fazer bem e eu não aguento", e tentar escapar a todas e quaisquer perguntas que impliquem conversas chatas.

 

Acontece que, para além de haver a hipótese do outro não compreender a verdadeira razão do fim e, por isso, ter maior dificuldade em ultrapassar, não se podem esquecer que aquela pessoa já vos foi especial. Abriu-vos a alma e, à sua maneira, dedicou-vos tempo, carinho e atenção. Por muito enfadonho e imbecil que vos pareça naquele momento, merece uma segunda oportunidade.

 

Sejam sinceros. Digam de forma inequívoca que não se sentem bem na relação e porquê. Expliquem tudo o que vai na alma: como certos factores são essenciais para a continuação ou não da relação. Depois, tentem chegar à derradeira estratégia.

 

Podem optar pela estratégia da lista, em que cada um escreve tudo o que está mal e espera ver resolvido; por um contrato, onde a outra pessoa promete nunca mais fazer uma determinada coisa, quando o problema é fácil de identificar; ou por outra qualquer estratégia mais inteligente. (Aliás, aceitam-se sugestões). O mais importante é que o outro tenha um pré-aviso do fim e a hipótese de se redimir.

 

A verdade é que a maior parte das vezes nada disto funciona e normalmente por uma das seguintes razões:

- A outra pessoa está confortável naquela relação que nos parece um inferno, porque esta foi feita à sua imagem e medida, e por isso não está interessada em ceder um milímetro;

- A outra pessoa não reage bem ao fracasso e, ao perceber que o outro já não está assim tão interessado na vida a dois, em vez de lutar, fica deprimida ou amuada e à espera de receber a atenção que deveria estar a dar;

- A outra pessoa não quer estar a ter trabalho por uma relação que nem valoriza assim tanto;

- A outra pessoa já está viciada num certo comportamento e não o consegue largar;

- O casalinho não tem nada em comum; etc.

 

Mas, mesmo sabendo que a hipótese de sucesso é mínima, o importante é sermos justos, dando uma segunda oportunidade. E isto aplica-se a todo o tipo de relações intensas e duradouras: amorosas, de amizade ou profissionais.

O cúmulo da parvoíce

Avatar do autor tsetse, 07.09.09

Se há histórias que me deixam pasma são aquelas que metem homens egoístas e (tinha que haver um "e" ou estaria quase sempre pasma) mulheres que aceitam as parvoíces mais estúpidas que eles inventam para manter as suas regalias. Dentro deste género (infelizmente comum) de histórias, ouvi três bastantes parecidas, que podem formar um subgrupo: homens que decidem viver com a companheira em casa da sua ternurenta e solícita mamã.


Não estou a falar de casos de pessoas desempregadas, sem madeira para construir uma barraca, mas de pessoas com um emprego estável e um bom ordenado. E, se eu já acho que um desempregado que não saiba usar um machado para obter madeira suficiente para um "amor e uma cabana" não é um macho desenrascado, nem sei que nome dar a um tipo que ganha bem e que, para não perder o privilégio de viver numa boa casa, com a comidinha feita pela querida mãe, roupa lavada e passada, mais a linda companheira a completar o quadro, para poder ter sexo acompanhado quando quiser, sem ter que cometer incesto.
 
Que para eles é muito confortável, acredito, embora não compreenda. Eu teria vergonha, mas cada um sabe de si. Mas o que é mais difícil de adivinhar é o que se passa na cabeça das suas companheiras, para aceitar tal acordo. Dos três casos que ouvi, apenas conhecia duas das intervenientes e posso assegurar que eram trabalhadoras, simpáticas, amorosas e, coincidência ou não, com uma grande ingenuidade e uma terrível auto-estima. E, só por causa destas características, posso ver a luz sobre a cegueira das mesmas.

 

Mas como é que se pode achar normal começar uma vida a dois num lar gerido por outros, quando não têm necessidade de o fazer? Como é que uma mulher pode dizer ao seu companheiro que ele tem de a ajudar a fazer o jantar, quando a mãe deixou um bacalhauzinho à Brás no congelador, para o caso de o menino ter fome? E como é que ele pode ser tão egoísta ao ponto de querer manter o seu conforto, na sua casa de sempre, mas que a mulher saia do conforto dela, só pelo privilégio da sua companhia, mesmo que para isso tenha que se sentir uma pessoa "de fora" no seu próprio lar? Só pode ser um louco egocêntrico, egoísta, sem o mínimo bom senso ou consideração pelos outros.


Às meninas que alinham, só posso dar um conselho: se eles, com um bom ordenado, não querem sair da casa dos papás, então não interessam a ninguém. Se o vosso problema é auto-estima, melhorem-na e depois escolham alguém com mais carácter. E boa sorte. Bem precisam.

O Interno Feminino

Avatar do autor TNT, 22.04.09

O 3º aniversário do Interno Feminino aproxima-se. Este blog foi criado com o intuito de abrir os olhos femininos e as mentes masculinas. Um dos principais problemas que nos levou a fazer este blog foi o da auto-estima feminina que parece teimar em andar sempre por baixo. E não, não tem só que ver com os quilos a mais. Tem que ver com a essência feminina que é constantemente posta à prova, especialmente por esses seres do cromossoma Y que ainda insistem em espezinhá-la.

Continuamos a ouvir histórias lamentáveis de abuso. E não falo apenas do abuso que tanto se vê nos órgãos de informação. Falo daquele abuso velado, encapotado, disfarçado por lindos olhares, que acabam por convencer as mulheres. A culpa é do mulherio? Sem dúvida. As mulheres, à força de querer agradar, vão esticando a corda dos limites e tendem a esquecer as fronteiras do razoável, do decente e do aceitável. Deixam-se arrastar para situações que não concordam e quando acordam, já não há possibilidade de regressar.

Se não há dinheiro para contratar uma empregada, as tarefas têm de ser, necessariamente, partilhadas. Se elas estão um pouco mais gordinhas eles terão de ser ainda mais atenciosos. Se elas não dominam uma área, eles têm de dar uma mãozinha. As relações são um trabalho de equipa, em que os dois têm de participar.

Ninguém gosta de se sentir sozinho numa relação. Desamparado. Abandonado. Preterido. Não temos de andar sempre com paninhos quentes, é certo. Mas temos de amar a pessoa que amamos. E se já não a conseguimos amar, é porque já não a amamos. Podemos passar por fases mais difíceis e aí o outro tem de intervir. Hoje estou eu bem, amanhã podes estar tu. Hoje estou eu mal, amanhã podes estar tu.

Team work. Auto-estima. Massagem no ego. As três regras simples e de ouro.

 

TNT
 

Língua de Sogra

Avatar do autor TNT, 30.06.08

Confidenciava-me uma amiga, que a sogra deve ser bipolar.
Bipolar??
Embora a coisa até esteja na moda, eu inclino-me mais para a sogra dela ser uma grandessíssima fdp.
Aparentemente o tratamento à rapariga é completamente diferente, caso o marido/filho esteja ou não presente. Se o marido/filho está presente, o tratamento é por ‘tu’, efusivo, alegre, solícito e bem-disposto. Caso ele não esteja presente ou falem ao telefone, o tratamento é por ‘você’, frio, distante e antipático.

Ora isto não tem nada que ver com bipolaridade. Tem mesmo a ver com filha-da-putice!

Ela anda completamente louca com a situação da sogra. E, por isso, dá troco a conflitos, e ainda os facilita por cima. Dá o flanco. Não percebe que essa é uma batalha que nunca vai ganhar. Por mais que se esforce. Por mais que tente. Por mais que insista.

Como tenho alma de jogadora, só vou a jogo quando tenho francas probabilidades de ganhar. Se não as tenho, passo. Arriscar tudo até ficar com tudo no prego, não será muito inteligente. Arranjar confusão por causa de terceiros? Era só o que faltava!!

Embora não seja a primeira vez que falo neste tema aqui no blog, considero que nunca é de mais reforçar a ideia que só devemos dar a nossa atenção a quem merece. Só devemos dispender tempo e energia com quem nos deve alguma consideração. Quanto aos outros todos, o melhor é ignorar. Seja quem for!

Já diz o ditado... “os cães ladram e a caravana passa”.

 

TNT
 

Great Expectations

Avatar do autor tsetse, 02.06.08

Já me aconteceu várias vezes falar em separado com os dois lados de uma relação e acho sempre engraçado ouvir uma mesma história contada por duas pessoas e tentar perceber porque é que ambos vêem o mesmo acontecimento de maneira tão diferente.

Uma das críticas recorrentes dos homens é que as mulheres a meio da relação deixam de fazer uma série de coisas que eles gostam e que, de repente, ficam umas chatas e/ou chantagistas. Obviamente que, quando falo com elas (se já não falei antes de ouvir a outra versão), a história tem uma série de pormenores que foram omitidos pelo homem e o caso muda logo de figura.

A maior parte das histórias segue até um padrão:
Inicialmente, as mulheres acham que devem ceder sempre que se encontram num conflito sem fim à vista, para facilitar a relação e serem o que gostam de chamar de "conciliadoras". Começam a desistir de lutar pelos seus princípios, para não os desiludir; a passar a roupa dele, porque o pobrezinho não tem jeito; a fazerem de secretária pessoal, porque ele é muito distraído; a ajudá-lo a fazer um plano de vida, para acabarem as queixas e os chefes chatos; ou a ir e pagar o supermercado, porque ele não tem paciência. Dão, dão, dão. Cedem, cedem, cedem.

Conclusão:
Os homens habituam-se a ter tudo de mão beijada e passam a acreditar que, tal como a mãe, a mulher é muito despachada e por isso nada lhe custa. Ou seja, nada como deixar tudo como está.
(Muito conveniente, portanto)

Por outro lado, as mulheres cansam-se de dar tudo e receber pouco, começam a fazer as exigências que deviam ter feito no início da relação e começam a desconfiar que jamais darão a volta à história.

De quem é a culpa?

Na minha opinião, dos dois:
- Elas não tinham nada que os mimar demais - aliás, dar muito na expectativa de receber muito é por si uma atitude injusta, pois pressupõe que a outra pessoa tem a capacidade de dar na mesma medida que está a receber e que tem a mesma noção do que é adequado.
- Eles deviam ser menos comodistas e aproveitadores e deviam convencer-se definitivamente que essa conversa de que tudo é mais fácil para as mulheres é conversa fiada e que a prática ajuda a perfeição.

 

Tsetse

Perfil de Abusador

Avatar do autor tsetse, 15.05.08

Um dia destes, estive a ver um programa sobre o O. J. Simpson e sobre o livro que ele escreveu ("If I did it: Confessions of the Killer"), em que descrevia como teria procedido se realmente tivesse assassinado a ex-mulher e um amigo dela, crime pelo qual foi realmente acusado e absolvido no fim.

Para além de terem discutido como este livro representa um óbvio desrespeito pela justiça e pelas pessoas falecidas, os convidados falaram sobre a forma como o autor do livro se referia à ex-mulher no texto e como era comum as pessoas que têm um "perfil de abusador" acharem sempre que são umas óptimas pessoas e que a abusada tem imensos defeitos e, por isso, merece os abusos.

Pelo que eu percebi do programa, este traço é reconhecido em quase todos os abusadores. Ora estive a pensar sobre o assunto e, efectivamente, pensando em casos de abusos que tenho presenciado (sejam eles físicos, psicológicos ou financeiros), reparo que todos os abusadores seguem este padrão. Todos acham sempre que a outra pessoa merece o que está a passar, nenhum respeita a pessoa que está a abusar e todos têm uma visão muito egocêntrica da situação.

O que é realmente assustador. Já não basta serem abusadores e ainda acham realmente que têm razão? Sendo assim, não há argumentação possível.

Uma vez abusador, para sempre abusador?

 

Tsetse

Mais um embuste

Avatar do autor tsetse, 10.04.08

Se há coisa que me irrita é a injustiça com que as mulheres são naturalmente tratadas, como se não houvesse alternativa, quando a há. Já aqui falei diversas vezes sobre o assunto, mas faltou-me uma das suas vertentes mais complicadas: como é esperado que as mulheres sejam responsáveis pelos filhos e pelas partes aborrecidas da sua criação. Para fazer os filhos e para ir passear com eles, ambos estão disponíveis. Mas, para passar noites acordadas, dar banho, tomar conta, quando pai e mãe têm simultaneamente algo mais interessante para fazer, ou garantir que não lhes falta nada, aí a coisa muda de figura. A maior parte dos homens parte do princípio que as mulheres tratarão, naturalmente, do assunto.

Ou seja, tal como nas tarefas domésticas, se tiverem alguém que lhes faça as coisas de graça, eles esquecem (ou fingem esquecer) as obrigações. E, se a questão das tarefas domésticos pode ser resolvida quando a mulher deixar de aceitar a situação e começar a deixar algumas coisas por fazer, quando o assunto é uma criança, o caso muda de figura. Uma mãe dificilmente deixará uma criança negligenciada para "ensinar" o  pai a tomar conta dela.

A verdade é que a única questão que só pode resolvida pelas mulheres é a amamentação. Por isso, esta é a única actividade em que os homens não podem ajudar e é por isso (e para a recuperação física do que já tiveram que sofrer durante a gravidez) que as mulheres têm uma licença maior depois do parto. De resto, ambos têm a mesma responsabilidade na educação, higiene e preenchimento de tempos livres. Só que, como já aqui dissemos dezenas de vezes, os homens são na sua maioria uns comodistas manipuladores, que tentam sempre atirar o barro à parede a ver se cola.

Por isso, para desmitificar o assunto e ajudar as leitoras a defenderem-se, aqui ficam alguns dos exemplos que tenho visto ser utilizados pelos pais para fugirem aos seus deveres:
1. Ficar a trabalhar (ou a ler emails e site noticiosos no trabalho) até mais tarde, para perder a hora do banho.
2. Dizer que é um desastrado, por isso prefere não dar banho ao bebé, para não o deixar cair.
3. Dizer que não tem jeito.
E a vencedora:
4. Simplesmente não fazer as tarefas, por saber que a mulher nunca as deixará de fazer.

Parece uma batalha perdida? Talvez... Mas há sempre uma alternativa: desenhar um plano de contra-ataque. Que tal fazer um plano de distribuição de tarefas? Se a mulher dá banho 3 dias seguidos, o homem tem que dar o banho nos 3 dias seguintes? E se ele falhar, e vocês forem obrigadas a substituí-los, obrigá-lo a pagar-vos pelos serviços de babysitter? Aproveitem, façam um preço alto e depois vinguem-se em compras, spas, gadgets ou no que quer que seja que vos faça feliz. Ao fim de um certo tempo, eles terão que deixar de inventar desculpas e começar a trabalhar em casa, para não declarar falência.

Tsetse

De novo sobre a igualdade...

Avatar do autor tsetse, 19.06.07

Estava eu, ao almoço, a falar sobre a igualdade de deveres domésticos com alguns exemplares do sexo masculino e eis o que eu ouço:
"Esses homens não ajudam em casa pois sabem que têm alguém para fazer tudo", "se têm alguém que o faça, para quê complicar", "elas só ficam nessas relações porque querem" e "têm o que merecem, pois se não gostassem iam-se embora".

Pois é... Achavam que eles vos iam valorizar pelo vosso trabalho dobrado? Que vos iam achar umas super mulheres, salvadoras do sagrado matrimónio? Enganam-se. Acham-vos umas otárias.

Por isso, minhas amigas, acordem! Escolham a pessoa certa e eduquem-na desde o início. O coitadinho não sabe passar a ferro? Então que aprenda. Nada de dizer "deixa lá, eu faço". Isso implica fazer para sempre.

Se todas as mulheres forem coerentes, exigirem a partilha de tarefas e educarem os filhos a não compactuar com injustiças, não teremos que passar por isto.

Porque a verdade é:
A maior parte dos homens tem um comodismo superior à sua vontade de ser justo.

Tsetse