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O Interno Feminino

Divagações e reflexões do mundo no feminino. Não recomendado a menores de idade ou a pessoas susceptíveis.

O pré e pós-sms

Avatar do autor TNT, 04.08.09

Já por várias vezes amigas me confidenciaram que os filhos adolescentes mantêm grande parte das suas relações por sms. Trocam mimos por sms, começam namoros por sms, desenvolvem as relações por sms e acabam-nas por sms.

Na era pré-sms era tudo muito diferente. Mais vagaroso. Mais pausado. Melhor? Não sei…

Lembro-me que quando tínhamos um arrufo com o namorado, tínhamos de esperar pelo dia seguinte da escola para pôr as coisas em pratos limpos. Assim como assim, já tínhamos dormido uma noite inteira – não havia cabo nem fibra, não havia Internet e poucos teriam vídeos no quarto. A malta tinha mesmo de dormir! Lia-se uma ou duas páginas e destilava-se a raiva ao sabor dos Patinhas ou de Mário de Sá Carneiro. E a coisa morria ali. E se não morria, sofria graves danos com efeitos identificados como fraqueza, realidade e preguiça. No dia seguinte lá íamos para a escola, depois de uma refastelada noite, e quando lá chegávamos, o gigantesco problema do dia anterior tinha encolhido como lã a 60 graus.

Hoje em dia a coisa é diferente. Bem diferente. Mais intensa. Mais rápida.

Tudo se passa de forma mais precipitada. Não se espera. Não há o tempo necessário para reflexão. A resposta é imediata. E tudo se precipita: tanto o bom como o mau. Claro que perdem menos tempo a começar as coisas o que é deveras simpático. Quando se é teenager não há cá as tretas da conquista que só provocam mais borbulhas. Salta-se essa parte que é uma verdadeira seca aos 16. Só que as relações são tão vividas em todo o horário escolar que um namorico de três meses esgota-se em três dias. Enquanto que os primitivos da era pré-sms apenas poderiam falar durante os 10 minutos de intervalo entre aulas, os actuais pós-sms passam as aulas todas a trocar epítetos de ordem vária. Quando chegam à hora do almoço já se apaixonaram, namoraram, ficaram noivos, casaram, separaram-se, discutiram a partilha dos bens, divorciaram-se e apaixonaram-se novamente. E tudo isto entre as 8H10 e as 13H00!

E agora pergunto eu: entre tanta comunicação quando têm tempo para comunicar? Para trocar olhares, corar de emoção? Até para trocar fluidos… quando?

Cheira-me que a geração pós-sms vai ter grandes dificuldades em largar os aparelhómetros e o vício dos polegares. E preocupa-me mais uma geração de mal comidos. O que lhes vale é que nunca vão saber como foi…

 

TNT
 

3 comentários

  • Sem imagem de perfil

    Jo 07.08.2009

    Para se fazer uma vídeo-chamada é necessário se disponibilizar um tempo só para isso, e tempo não é algo que um jovem de 15-20 ans tenha para perder com "relações" (além do que, como disse a TNT, pode ser complicado ter de lidar com a imagem). Os sms são uma solução bem mais prática, e podem ser enviados a qualquer altura e em todo o lado, quer seja durante as refeições, enquanto se faz um raid no wow, nas aulas, até na casa de banho, e o melhor de tudo, são de borla.

    Respondendo à pergunta: "E agora pergunto eu: entre tanta comunicação quando têm tempo para comunicar? Para trocar olhares, corar de emoção? Até para trocar fluidos… quando?"

    Só se sente falta daquilo que já se teve. Acho que quem está a sofrer com isto são aqueles que foram apanhados na transição do pré-sms para o pós-sms.

  • Sem imagem de perfil

    Carla 09.08.2009

    Acho que me encontro na "fase da transição". Confesso que já iniciei contactos via sms que deram em relação (1 vez pelo menos). De facto, é bem mais simples dizermos um piropo ou recebermos um, via sms, naquela fase em que ainda só houve os tais olhares de interesse, do que verbalizar o nosso interesse pelo outro "in person". 
    Acabar relações é que nunca o fiz, nem farei. Essa parte tem de ser olho no olho, para não deixar margens para dúvidas. E talvez seja por isso mesmo que a maioria dos jovens que conheço, e conheço muitos porque trabalho numa universidade, ata e reata relações a um ritmo alucinante. Quase todos os namorados começam e acabam várias vezes por ano!!! Lembro-me que quando tinha a idade deles e acabava, começar de novo só se fosse com outra pessoa. Errar é humano, mas insistir no erro é burrice :-) Se se chega ao ponto de acabar, não se reata. Esta insistência deixa-me dúvidas. Aprendem a explodir com a maior das limpezas e depois o outro compreende e tal e perdoa e bora lá que eu até estava nervoso! Ou perdoei-lhe porque gosto dele...soa-me a doentio. Que me desculpem as opiniões contrárias , mas lembro-me sempre de um jovem casal que conheci e que namoraram durante 10 anos. Zangavam-se umas 2 ou 3 vezes por ano, acabavam, tinham outras relações pelo meio, ou não, reatavam novamente. Ao fim dos longos 10 anos, de atanços e desatanços, choros e sofrimento, resolveram casar, numa daquelas fases boas. Lá fui eu ao casamento da minha amiga, pouco convencida de que ela estaria a fazer a coisa certa, mas fui. Lá me desviei para não levar com o ramo da noiva na testa (uma mania das minhas amigas de se armarem em casamenteiras comigo) e 4 mesitos depois lá fui consolar as lágrimas da dita amiga. Separaram-se definitivamente e ela, felizmente conheceu outro sujeito, com quem é bastante feliz.
    Esta coisa do ata-desata parece-me sempre birrinhas de crianças mimadas, que não sabem controlar as suas emoções, e que ainda esperam que os outros as perdoem por isso.
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